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Chove manso em Porto Alegre, o verão de ontem se transformou em outono cinzento. No Beco do Oitavo os boêmios repetem cafezinhos, fumam e lêem jornais. Apenas Lúcio Peregrino, que acordou de pé trocado, abriu os trabalhos já as nove da manhã: caipirinha com aguardente de São Chico, folhinha de hortelã para se acalmar e como aromatizante. O assunto primordial foi o jogo do Inter contra o Santos, obviamente. O peixe se safou em plena semana santa.
"Embate de gigantes", disse Carlos Pi, que se diz torcedor do Zequinha. Muitos desconfiam que é gremistão enrustido.
"Gigantes porra nenhuma, o time do Santos é muito ruim, dava para golear no primeiro tempo, mas deixaram aquele piá entrar no jogo, aí fudeu, o time inteiro ficou com os cabelos em pé o resto da partida, perguntem ao Rodrigo Moledo", respondeu o Lúcio, humor de cão.
Mr. Hyde rosnou: "Se tivessem feito uma faltinha no fígado dele no começo...".
Clóvis Baixo interrompe, antes que Mr. Hyde mate o rapaz: "Vocês viram, estádio lotado...".
Hyde solta sua famosa gargalhada de trovão: "Ah, ah, ah, lotado... 35 mil pessoas! Num estádio que já acolheu 107 mil! Agora só vai bem-de-vida e maluquetes, expulsaram os pobres, que construiram levando tijolos e cimento; desde que acabaram com a coréia nunca mais pisei lá, em solidariedade".
Todos quietinhos, assunto batido, nessa aí não embarcam, pura verdade, não vale a pena repisar.
Nego Janjão: "Viram o Muricy, reclama de tudo, o teteinho". Pelo tardar da hora o assunto esmorece.
Tigran Gdanski ainda pergunta: "Alguém viu o Dagoberto em campo? Por dez por cento do salário dele eu ganhava o jogo sozinho, e o cara some, tá mesmo bichado!", mas ninguém responde, Leilinha Ferro chega com o nóti, acompanhada dos pinguços do Botequim do Terguino, que fazem via sacra pelo bairro. Acabou o futebol.
Às obras do dia. Todos abrem os trabalhos merenguísticos, antes de encarar a árdua missão. Lúcio passa para a cerveja, é hoje.
E parece que o humor do Lúcio contaminou os empinantes. Só ele encheu de punhaladas uns dez criminosos, digo, políticos. Mr. Hyde arrebentou o fígado de outros tantos.
Ficaram com o Dum.
Nego Janjão: "Viram o Muricy, reclama de tudo, o teteinho". Pelo tardar da hora o assunto esmorece.
Tigran Gdanski ainda pergunta: "Alguém viu o Dagoberto em campo? Por dez por cento do salário dele eu ganhava o jogo sozinho, e o cara some, tá mesmo bichado!", mas ninguém responde, Leilinha Ferro chega com o nóti, acompanhada dos pinguços do Botequim do Terguino, que fazem via sacra pelo bairro. Acabou o futebol.
Às obras do dia. Todos abrem os trabalhos merenguísticos, antes de encarar a árdua missão. Lúcio passa para a cerveja, é hoje.
E parece que o humor do Lúcio contaminou os empinantes. Só ele encheu de punhaladas uns dez criminosos, digo, políticos. Mr. Hyde arrebentou o fígado de outros tantos.
Ficaram com o Dum.
Na tampa os beberentes do Botequim escolhem o Rafa Camargo. Grande lance do Rafa, exaltam. Nicolau Gaiola disse que "a expressão de enfado, não, enfado não, de indiferença, do profissional que faz seu trabalho de todo dia, como garçom tirar as cadeiras que ontem botou em cima, pensando noutra coisa, é de doer".
Pior.
Pior.
Leilinha Ferro só não aguenta o Lulalelé, o Deslumbrado que se acha, dando até o... a, a amizade aos bandidos, assim até eu, como disse João da Noite. A menina compreendeu bem a tal herança, o amargor dos mais velhos a fez entender, cedo demais, quiçá - esperamos que não - comprometendo seus sonhos juvenis, que a ambição desmedida tem um preço muito alto. Porém gosta e torce pela Dilminha, como os demais ainda nutre alguma esperança, que a cada dia se esvai.
Fechou com o Pelicano, do Bom Dia (São Paulo, SP).
Fechou com o Pelicano, do Bom Dia (São Paulo, SP).
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