lunes, 30 de abril de 2012

Recuerdos de Millôr

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Millôr Fernandes era mesmo foda. Outro dia guardei um pequeno texto, daqueles postados por leitores, com a lembrança de uma passagem envolvendo Millôr. Claro, anotei o nome do atento brasileiro que enviou, Raimundo Sérgio Carneiro, de Fortaleza (CE). O jornal ou revista esqueci de anotar. O escriba não disse, no momento certamente não lembrou, mas por conta da opção em que se foi, Millôr saiu ou foi saído da fantasmagórica Veja. Perdeu o emprego.
Vejam:

O ano era o de 1982, a ditadura acossada resolvera promover eleições diretas para governador.

No Rio de Janeiro, onde eu morava, os candidatos eram: Moreira Franco, pelo PDS, candidato da direita moderada; Miro Teixeira, pelo PMDB chaguista, com apoio do PCB; Leonel Brizola, pelo PDT, com apoio da esquerda independente; Lizaneas Maciel pelo então minúsculo PT e a lacerdista Sandra Cavalcanti pelo PTB, que ironia, de Ivete Vargas.

Sandra era franca favorita, a notória revista Veja havia publicado uma reportagem em que ela, numa pesquisa, venceria no primeiro turno, e a revista concluía: Sandra pode encomendar o vestido da posse.

Houve então o debate final entre candidatos promovido pela Rede Globo.

Naquele tempo, debate era debate mesmo.

Os candidatos discutiam entre si e respondiam perguntas, ao vivo, de uma bancada de intelectuais, dentre os quais estava o jornalista Millôr Fernandes, conhecido pela mordacidade e que, naquela eleição, apesar de manter uma coluna na Veja, apoiava abertamente Leonel Brizola, que na ocasião do debate tinha pouco mais de 10 pontos nas pesquisas.

Na hora de formular a sua pergunta - cada intelectual tinha direito a fazer uma pergunta a um candidato que escolhesse - Millôr escolheu Sandra Cavalcanti e com ironia disparou:

"Eu vi uma declaração sua de que é favorável à pena de morte. Gostaria de saber qual o método que a senhora adotaria no Brasil, o fuzilamento, o enforcamento, o apedrejamento ou o garrote vil?"

Sandra perdeu o rebolado. Sua candidatura naufragou ali e Brizola foi eleito governador do Rio de Janeiro.

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2 comentarios:

  1. Urrú, menino, estou de volta, suspiro flores com o "recuerdo. Máximo o Millor, e bom esse guri Ceará, amoroso e patriota, assim se faz, dá o nome.
    Bjunzins

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  2. Eu já andava pensando em ir atrás da senhora desaparecida, vai que triste em meio às coloridas plantações de lavanda de França, sem internet...
    Valeu, falamos. Claro que para uma lembrança dessas o Raimundo é daqueles caras que admiramos e queremos como amigo.
    Beso.
    Salito

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