lunes, 23 de abril de 2012

José Dirceu e o bugio

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Os devaneios de horror que seguirão lá adiante são da lavra de um sujeito chamado Reinaldo Azevedo, extremista direitão ligado a revista VEJA. Seus garranchos - vá escrever mal assim na ponte que o partiu, só passou do primário, imagino, porque lambeu o saco do professor da moral e cívica da ditadura, quem viu sabe do que falo - retrocedem somente até 2006, então desconhecemos suas posições em governos anteriores aos do PT. Posições... bichos assim são paus-mandados, ora ter posições.

Recende ódio. Destino: as mentes da classe mérdia ignara, aquela que sonha com um pacote da CVC para ir a Orlando chupar o Pateta e dar para o Mickey, filhinhos pela mão. Atacando o José Dirceu, como de resto costuma atirar a esmo contra uns tais que chama de "petralhas". Sujamos o blog com seus rabiscos de sangue porque o elemento tem o respaldo de ricaços, que fazem a cabeça do povo, revistas famosas de granas mal havidas desde sempre, e é preciso que nos levantemos, só por isso, de outro modo jamais alguém ficaria sabendo que existe mais um aleijado mental.

De concreto, duas frases, ambas jogadas às costas de terceiros: "Chefe de quadrilha" (pelo Procurador-geral da República, na denúncia), e "Tem ladrão na fila" (insulto atribuído a um anônimo). Diz que Dirceu bebeu duas garrafas de vinho do bom; ora, neste fim-de-semana também tomei duas garrafas de Granja União, talvez não tão bom, compatível aos meus trocos, mas gostei. De resto, só insinuações (bota até a mulher do cara no meio, numa ilação abjeta, infame; ora, e se a senhora trabalhasse num lupanar da direita, como a Casa do Reinaldo, o que tem a ver?), e mesmo as insinuações vão por conta da boca de terceiros. Como dizemos aqui no Sul: procede como bugio quando briga.

José Dirceu, ao contra-atacar por meio de seu blog, não dá um pio sobre as insinuações de que vendeu o Brasil para encher os bolsos de dinheiro, ou de que, se prestou algum serviço, não deveria. Dirceu faz-se de cego e surdo. Deve ter suas razões. Diz somente que as elites querem acabar com ele e com o governo. Isto é, nada de novo. Dizem que José Dirceu é um homem rico. Se é, roubou. Todos roubam. Eu sigo pobre de dinheiros, Dirceu, o meu espírito, que julgava imenso, talvez tenha diminuído também, pelo horror que assisto.

Não gosto do José Dirceu, o político, o tenho como um traidor (de ilusões, ao menos das minhas) y otras cositas más, e torço para que o julgamento do STF saia o quanto antes. Naquela Casa, ao vivo e a cores, todos terão garantido seus direitos, por alguns dos melhores advogados do país. Nestas alturas, imagino que o Thomaz Bastos, esse velho hipócrita, sairá pelos bandidos. Pagam melhor. A sua função - limpar o bandido da grana mal havida - é importante. Só não consigo imaginar onde o senhor, ó advogado de sonegadores, vai meter tanto dinheiro. Filantropia, o anestésico? Deixar para os descendentes? Faz-me rir.

Voltando para o mala. Alguém sabe o que ganha o Sr. Reinaldo, com essa ânsia voraz de insultar do escuro, sem trégua e sem nada dizer, jogando apenas aquilo que os bugios jogam?

O senhor José Dirceu, ou o que ele representa, ainda vai acertar contas comigo, o eleitor, seu, ah, vai, comigo e com muitos meninos iludidos, pode levar cem anos, queira ele ou não queira. O mundo gira, vinte anos é nada, passou rápido demais, outros tantos passarão.

A conversa é entre homens de esquerda, que com erros, tropeçando, e acertos, brigas, até certo ponto ponderados, querem mudar o Brasil, aquele papo de bobinhos, como boa escola e comida para todos, não para meia-dúzia de hienas. Lamento informá-lo, Sr. Veja, mas, apesar dos óculos, o senhor tem cara de hiena, sem querer ofender aos animais. Uma hiena pourra louca.

Não gosto do José Dirceu, o político, o homem não conheço. O mundo o estragou, o que certamente ele negaria, ao homem imagino como eu ficaria se torturado e obrigado a fugir do País. 

Não gosto do José Dirceu é modo dizer, pois passei a detestá-lo desde o instante em que ele passou a adotar as práticas de vocês, criminosos. 

Mas, José à parte, Sr. Reinaldo, que uma coisa fique bem clara: com nazistas horríveis da sua laia, não tenho e nunca terei assunto. Jamais. Limpo, transcrevo abaixo suas bobageiras virulentas, plenas de loucura por sangue, o dos outros, pensa que vai se safar... Esqueceu como acabou Hitler? Não vai repetir, salvo pelo final, talvez.

Entre vocês e esse moço doído, ao meu ver errado em certo momento, quando não deveria, nunca deveria errar desse jeito, o maldito dinheiro bailando, quando faltava pouco, se sem terceira via, país dividido, adivinhe por quem eu pegaria num punhal?

Felizmente, em democracia que você odeia, temos muitas vias.


Fala o Sr. Reinaldo, a passo de ganso (daqui em diante, observações e tudo, são tudo dele, ou seja, do dono da Veja):


Vamos lá. O grupo português OnGoing comprou parte do Portal iG, que é controlado pela Oi. Passam para os portugueses as áreas de conteúdo e publicidade. As de serviço digital e acesso à internet continuam com a empresa de telefonia. A Yahoo! e o Grupo RBS também haviam demonstrado interesse, mas perderam a parada para a OnGoing, que já estão no Brasil: é acionista minoritária (29,1%) da empresa Ejesa, que edita os jornais “Brasil Econômico”, “O Dia”, “Marca” e “Meia Hora”.

A acionista majoritária (70,1%) é a brasileira nata Maria Alexandra Vasconcellos. Ocorre que ela é casada com o português Nuno Vasconcellos, presidente do grupo OnGoing. A lei proíbe que veículos de comunicação sejam controlados por estrangeiros. A questão já chegou a ser discutida em uma comissão da Câmara dos Deputados, mas ficou por isso mesmo.

Algo mais deve ser dito a respeito da OnGoing. Trata-se de um grupo de comunicação que tem uma forte influência do chefe de quadrilha (segundo a Procuradoria Geral da República) e deputado cassado por corrupção José Dirceu (PT). Nos bastidores de Brasília, ele é tratado como sócio — e alguns chegam a dizer “dono” — do jornal “Brasil Econômico”, do qual é colunista. Todos negam.

Evanise Santos, namorada do “chefe de quadrilha” (segundo a PGR), é diretora de marketing do jornal e da própria Ejesa. Dirceu tem muitos interesses e vínculos em Portugal. Em setembro do ano passado, a revista portuguesa “Visão” publicou uma reportagem de 12 páginas sobre as ligações algo obscuras de Miguel Relvas, político do país, com empresários brasileiros. Um dos protagonistas do enredo é Dirceu. Reproduzo trechos (em azul) [aqui em negrito]:

Dirceu está inelegível até 2015 e é o principal visado no caso que começará a ser julgado este ano e conta 36 acusados [mensalão]. Prova de que ainda mexe - e muito -, Dirceu foi capa da revista VEJA esta semana. A revista chama-lhe “O Poderoso Chefão”, título brasileiro para a saga de “Dom Corleone, O Padrinho” e uma forma de ilustrar a sua teia de influências no governo e nas empresas. Dirceu, agora consultor de multinacionais, conhece bem Portugal. E Miguel Relvas. O ministro português recorda tê-lo conhecido “por intermédio de amigos comuns”, sem relações empresariais pelo meio. “Encontrei-o ocasionalmente”, diz.

A “Visão” lembra de uma viagem que Dirceu fez a Portugal em 2007, onde viveu dias de nababo. No aeroporto de Lisboa, um brasileiro o saudou: “Tem ladrão na fila”. Segue mais um trecho da reportagem.

À espera de Dirceu [em Portugal] estava João Serra, dono da construtora Abrantina e sócio do escritório de advogados Lima, Serra, Fernandes e Associados. Da sociedade fazem parte Fernando Fernandes, ex-administrador da SLN (BPN) e atual grão-mestre do Grande Oriente Lusitano (GOL), organização maçônica a que estará ligado Relvas. Outro sócio que acompanhou Dirceu na estada na capital portuguesa foi Antônio Lamego, ex-advogado de José Braga Gonçalves no caso Moderna. Segundo Dirceu, Lamego era amigo do general João de Matos, ex-chefe do Estado-Maior do Exército angolano. Na época, os três combinaram encontrar-se na Costa do Sauípe, no Brasil, para tratar de negócios.

Nesses dias lisboetas, Dirceu ficou hospedado no Pestana Palace. Andou de Jaguar preto, jantou no Vela Latina, bebeu Pera Manca e disse querer investir em Angola. “Meu interesse é infraestrutura: rodovias, telefones, telecomunicações.” O consultor do milionário mexicano Carlos Slim e do magnata russo Berezevosky, falou também da sua atividade: promover negócios de portugueses no Brasil e de brasileiros em Angola. No dia da partida de Lisboa, Dirceu adormeceu e teve de correr para o aeroporto: “Lamentava ter comido muito e bebido duas garrafas de vinho na noite anterior em companhia do deputado Miguel Relvas, seu amigo há décadas” (…).

No Brasil, apontam a Dirceu ligações à Ongoing. Um dos links é Evanise Santos, a namorada. Também referida no “mensalão”, é diretora de marketing do Brasil Econômico, jornal do grupo e da Ejesa, empresa da mulher do líder da Ongoing. Amiga da presidente Dilma, Evanise foi coordenadora de relações públicas no Palácio do Planalto no tempo de Lula. Dirceu escreve no jornal. A investida da Ongoing no Brasil foi atribuída às influências de Dirceu, mas o grupo desmente. Reinaldo Azevedo, da Veja, não cai. “No meio político, o ‘Brasil Econômico’ é chamado “aquele jornal do Dirceu”, escreveu.

O ex-ministro é visto como um símbolo do pior que o País tem. (…) "Nada mudou depois do mensalão. A promiscuidade do Governo com seus aliados persiste”, afirma Álvaro Dias, líder do PSDB no Senado. Para Fernão Lara Mesquita, jornalista e atual administrador do jornal O Estado de S. Paulo, mistério é coisa que não existe: “Se viesse um dia a cair no Brasil, Sherlock Holmes ficaria desempregado. Não há nada para descobrir. É tudo ’sexo explícito’”, refere. Segundo ele, Dirceu “é o especialista nos trabalhos sujos. Tudo o que é realmente grande na roubalheira geral está a cargo dele”. Fernão Mesquita inclui na polêmica o caso Ongoing, grupo que considera o “cavalo de troia” da estratégia para o domínio multimédia no universo lusófono.

Num momento em que “o Brasil é o maior exemplo histórico de execução de um projeto de tomada de poder pelo controle dos meios de difusão da cultura ‘burguesa’”, a Ongoing “e os banqueiros por trás dela vieram a calhar”, aponta. A Ongoing, acionista da PT [Portugal Telecom], da Impresa e da Zon, é liderada, no Brasil, por Agostinho Branquinho, que não quis falar à VISÃO, invocando o seu “período de jejum” da política portuguesa. É amigo e companheiro de partido de Relvas.

O ministro tem em mãos a privatização da RTP e saberá do interesse da Cofina e da Ongoing no canal. No Brasil, o grupo viu arquivada uma queixa por alegada violação da lei relativamente às origens estrangeiras do seu capital. “A verdade prevalece, apesar das campanhas de alguma concorrência”, diz um porta-voz da empresa. Fernão Mesquita não ficou convencido. “Nunca superamos, vocês e nós, o sistema feudal. Seguimos vivendo sob um rei e seus barões. Não há poderes independentes.”


Se não deu vontade de vomitar no nobre leitor, então não sei mais nada. Mas é isso, seguimos nos embrenhando mato adentro, enfrentando feras assassinas, e os companheiros não deveriam errar o caminho.


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