lunes, 26 de diciembre de 2011

Jesus

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Desculpe-me, camarada Jesus, por aqui vir em fim de festa, mas passei boa parte do dia procurando uma imagem tua, uma só, em toda a rede mundial.

Mr. Google tem dono, e não gosta de ti, gosta muito de dinheiro, e obedece aos donos das armas norte-americanas. Não encontrei foto tua.

Você já sabe bem demais, há séculos, o que fazem em teu nome. No Brasil e no mundo de hoje, ligue a televisão, concessão estatal, de madrugada para ver... Uma nojeira só, em... teu nome. Só por dinheiro, Jesus. Isso é que dói, ignorância eu toleraria. E são uns imbecis ignorantes, mas que andam de jatinho com o dinheiro roubado de cegos infelizes, gentes que vivem, se isso é viver, porque o coração palpita, na mais triste escuridão.

Eu odeio gente assim, Jesus, que explora os fracos, daí minha ojeriza fatal por banqueiros e outros bichos rastejantes. E eles mandam no mundo.

Hoje você teria mais trabalho, não se trata de quebrar um comércio malvado de um só templo. Caifás está em cada esquina.

Foto verdadeira não encontraria, claro, mas ao menos uma pintura verossímil. Nada, meu amigo. Encontro italianos com teu nome, alemães. Até palhaços. Mas nada que se aproxime no mínimo a um palestino da tua época. O mais risível é o teu retrato italiano, pele leitosa e olhos azuis. Eles que o mataram, por conveniência passaram a pintá-lo como um deles. Que nojo. 

Tentei um Jesus negro, pelo menos isso. Nadinha.

Parece que tua imolação não adiantou, os assassinos ainda vão lá para matar e roubar, mas adiantou, sim, Jesus. Eles estão com os dias contados, e vão pagar pelo que fazem e fizeram, espero, eu e meus amigos daremos uma mãozinha, dando sumiço no comércio do Febraban. Temos esperança de que o povo siga o nosso exemplo, e não façam o que fizeram contigo. Sim, tu e eu sabemos que quem te matou foi o povo, não o carniceiro Pôncio Pilatos. Ele era mesmo um carniceiro, mas no teu caso só manobrou. Fosse um povo firme, não teria te matado. O mesmo povo que hoje sustenta charlatões. O mesmo povo que amava o assassino Emílio Médici e agora ama o Lula, este ignorante que nos vendeu. Foi o povo, Jesus, a massa ignara. Ajude-me a lidar com ele. O seu Brizola não conseguiu. O único defeito do seu Leonel era o mesmo de todos os políticos com café no bule: gostar de ser elogiado. Daí que nunca soube se cercar, acabou rodeado por uma tropa de interesseiros, ladrões.

Mande-me um cara sem esse defeito, por favor, Jesus, se você puder, se me ouve, no que não creio, desculpe. Um como o indiano aquele, que tecia as próprias roupas e salvou seu país dos assassinos ingleses sem pegar nem em facão. Esse era melhor do que eu, pois eu teria pego em punhal e revólver. Mande-me um amigo assim.

Ah, sei lá, não sei mais para onde correr, o que me resta é escrever cartas a alguém imaginário. Por hipócrita e covarde, finjo que você me ouve.

Então, luz do meu fingimento, como louvor ao teu aniversário antecipado por outro matador de gentes, mando algumas fotos do teu povo, gente igual a ti, por quem te sacrificaste no imediato, eles moravam ao lado, mas sabendo que se sacrificava pelo mundo. Na minha cabeça bem imagino as tuas feições, meu amigo, no fundo não preciso de foto.

Abração. Penso em ti, minhas meninas também, meus amigos... todos os que povoam a minha vida pensam em ti todos os dias, todas as horas, todos os minutos, todos os segundos.









PS: Esta moça da última foto não é a cara da Maria de Betânia? Igualzinha.


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