viernes, 15 de junio de 2012

Verão de junho nos butecos, na Charge do Dias

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Por deferência de Mr. Gugle, o reles buscador espião que se impõe e parece ser mais importante que a rede buscada, os navegantes talvez leiam esta postagem daqui a um ano, uma vez que não aceitamos ser extorquidos. Ou por milagre de alguma divindade, depois de acertarem em cheio as palavras do título, o que, convenhamos...

Bem... chega de papo furado.

Al bar!

Os boêmios do Beco do Oitavo hoje tardaram a abrir os trabalhos, vez que ontem quase atravessaram - foram até as 4 da matina, comemorando o aniversário do Adolfo Dias Savchenko, antigo coordenador da coluna A Charge do Dias.

Um verão danado em Porto Alegre, novamente.

Há pouco, ali pelas 4 da tarde, Marquito Açafrão já entornava a  terceira loira estupidamente gelada - a sede de ontem é compreensível, bebeu uísque enquanto o chope rolava, esperando a turma chegar -, e julgou que no momento havia quorum de mais de metade. Tentou ordenar os assuntos para debate, primeiro os importantes: "Ontem o Hyde não apareceu, mas sei que amanhã é o seu aniversário, precisamos combinar a festa, é sábado, quem sabe uma surpresa, alguma homenagem...".

Lúcio Peregrino entrava no bar e pegou só a última palavra. Acendeu-se: "Oba, 'menage' onde, onde, com quem?".

Wilson Schu: "Putz, Lúcio, tu só pensa em trepar, não é mènage, é ho-me-na-gem".

Nesse instante chega outro retardatário, o próprio Mr. Hyde, o médico da confraria. Todos silenciam, se fazendo que nada sabem do niver.

Mr. Hyde: "Puta que pariu, ontem tive que fazer uma cirurgia de emergência, um acidente que rachou o cara no meio, abriu tudo no peito, dava para pegar o coração. Salvei o paciente, demorei seis horas... depois que fui saber que é um aspone de político rurajeste, se acidentou com uma daquelas camionetes de 500 mil, cheio de prostitutas no veículo".

Carlinhos Adeva: "De 500  mil, comprada com o sangue dos escravos... se fosse eu teria deixado o meu relógio ou uma pinça dentro dele, antes de fechar. Um dia atropela uma filha minha, ou tua, Hyde...".

Hyde: "Não brinca, meu relógio é caro, paguei cem reais numa lojinha da Rua da Praia. E fica falando em família... pára meu, se eu pensar nisso mato todos que aparecerem lá nessas condições. Mas tomara que tenha algum revertério, da cabeça foi outro que cuidou".

Adeva: "Epa. tá, desculpe, tava brincando...".

Açafrão: "Por falar em prostituta, viram aquela do japa que foi esquartejado pela mulher? Pois é, eu tava estranhando um diretorzão de grande empresa andar se expondo dessa maneira, correndo de uma piranha para outra, um cara assim não chega lá. Agora se esclareceu: era filho do dono das pipocas".

Lúcio Peregrino: "Tinha QI, como o aspone que o Hyde costurou".

Silvana Maresia, ar de desprezo: "Vocês são uns machistas e preconceituosos de merda... Ei, Portuga!, me traz um campari, só bebendo pra aturar..."

Jezebel: "Não deixam de ter razão, é o mundo lá fora, Sil..."

Gustavo Moscão trata de mudar de assunto: "Ei, pessoal, o João da Noite me disse que o Carlinhos Cachoeira comprou um diploma em Londrina".

A professora Jezebel se interessou: "De quê?".

Silvana: "Administrador de Empresas".

Hyde:  "Mas esse puto não é  de Goiás?".

Silvana Maresia: "É, mas disse que vinha de lá uma vez por ano ao interior do Paraná, pra aula presencial. Esses caras têm jatinhos à disposição, quando precisam telefonam 'Me manda já um trem aqui'".

Moscão: "Trem?"

Silvana: "É, meu amor, metade do vocabulário dos infratores é 'trem', serve pra tudo. Bem..., o dono de uma dessas faculdades já foi acusado de desviar 300 milhões de um négócio e..."

Carlinhos Adeva interrompe: "Mas é uma máfia mesmo!"

O sábio João da Noite, que havia chegado sem alarde, apenas tapinhas nos boêmios, ar e gestos de "não precisa levantar", para não atrapalhar a conversa, sentado no canto da mesa ao lado de Jezebel, enfim toma a palavra:

"Queridos amigos. Máfia, com empresários, congressistas e juízes a seu soldo, até o pé de oliveira ali na calçada sabe que é. Agora vejamos se os amigos sabem qual é a máfia, vou dar apenas cinco alternativas: Yakuza, Camorra, CIA, Cosa Nostra ou Fiespa.

E acabaram no mesmo assunto. Rumo à CPI de "gentalha como o Vacaralho", como rugiu Mr. Hyde. João deu duas horas para pensarem na máfia.

Tigran Gdanski, chegado às seis, estranha a ausência de Nicolau Gaiola, que não é de faltar. "É que ontem ele saiu muito puto...". Pesado silêncio. Até que Moscão grita: "Ora que nada, deve estar rindo da gente, numa boa, até parece que não conhecem a figura".


João, que tinha dado uma saidinha, retorna. Os olhos dos boêmios se fixam no boêmio, que prossegue como se não tivesse havido interrupção:

"Os companheiros sabem que Al Capone também era um analfa, só muito bom em armas e num taco de beisebol, depois conto esta do taco, mas jamais comprou diploma, lá não tem essa de cela especial para criminosos. Mas não era analfa tão vulgar como esses daqui, que possuem um "trem" como metade de seu vocabulário, como disse a Maresia. Não mesmo, o Al gostava de ópera. Essa estória de detetives Intocáveis é conversa para boi dormir. Para enjaular o bandido só foi preciso um juiz honesto e corajoso. Bem na hora do julgamento por sonegação, aparece esse juiz com uma bomba, surpresa até para os seus colegas comprados, guardas do tribunal comprados, senadores comprados, deputados comprados, advogados comprados, isso nos Estados Unidos, onde porte de arma é permitido...,"

(uma pequena pausa para o tradicional copo de cerveja no meio do show - Zeca Pagodinho inspirou-se em João -, a seguir a olhada cínica para o Portuga, reclamando em silêncio que a cerveja não está gelada como deveria)


"... um golpe que ninguém esperava, pois todos os jurados presentes já estavam comprados ou com a família jurada de morte... muitas juras e jurados, sabem o que o homem de bem fez, esse juiz que deveria ser exemplo para tourinhos e gilmares e todos os outros? Ele trocou todos os jurados do julgamento, na hora, ao começar a audiência que levaria o animal para a prisão... Gente nova que os mafiosos nunca tinham visto. Fosse aqui, o Marciano da Bastiana, o advogado do Thor Coração Dentro da Minha Ferrari e do Barrabás, alegaria atropelamento da Constituição e seus supremos amigos o acompanhariam, ora onde já se viu. Matar, roubar, pode, dentro da lei, ah..."

Leilinha Ferro chegou para colher a obra para a Charge do Dias e sem querer interrompeu as graves discussões. João se levantou e lhe deu um beijo na face. As obras... calçaram pé com Leilinha, precisavam escolher duas obras, uma só hoje é pouco...

É sempre assim. Mas com o epifânico João da Noite presente, Leilinha cedeu. Escolheram a obra do Bessinha. Aqui com forte intervenção de João, que foi sucinto e decisivo no apoio e incentivo: "o artista dá sinais de se recuperar da doentia, quiçá remunerada, obsessão":




E também, sem ordem de preferência, a obra do Nani. Só dá Nani.




E seguimos o périplo de Leila Ferro, de volta ao bar do seu pai, o "Botequim do Terguino". Leilinha via correio eletrônico nos confidenciou que saiu do Beco com a sua própria escolha feita, pelo papo que levou com as "profas" Silvana e Jezebel, que foram votos vencidos no meio dos pinguços.

Aos passantes de primeira fervura alertamos que o nome do pai dela, dono do Botequim, é, sim, Terguino Ferro. Ele conta que muito bullying sofreu na infância, mas passou, depois lhe serviu de propaganda para atividades de alcova. De fato, ri do próprio nome, e fez dele mais um atrativo para o seu comércio.

No Botequim do Terguino o Contralouco estava enlouquecido, devido a uma discussão com um "filho-da-puta do petê", segundo a sua amena expressão.

"Algo a ver com maliciosos macacos que fingem adorar caolho, Tio Salito, não peguei direito..., e agora preciso ir na 'facul' falar com meu amigo do PSOL, amanhã lhe conto", disse Leilinha.

Facultou-lhes duas obras, equânime com o Beco.

Uma a do Humberto, do Jornal do Commercio (Recife, PE).





E a outra do S. Salvador, do Estado de Minas (Belo Horizonte, MG).




Leila Ferro nos disse não querer tecer comentários, mas que usa uma obra da Bahia para homenagear o governador Tarso Genro do Rio Grande do Sul. "Lá como aqui, tio".

Não se preocupe, Leilinha, o Tarso deve entender de meninas, de sonhos de retidão, afinal tem uma filha. Durma bem, meu amor.


Deixe que eu o chame de um péssimo governador. Depois da tragédia do Lulalelé de mensalões e cuecas, agora parece que a derrocada do petê não tem mais fim, uma hora destas vai ter que parar, batendo no chão, ou no magma do centro da Terra. Os bandidos da Carta de Recife hão de derreter.

Nosotros e os professores teremos uma conversinha com o seu partido daqui a pouco, em outubro.


A obra escolhida pela Leila é do Sid, do jornal Metro1 (Salvador, BA).



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