martes, 5 de junio de 2012

Os gaúchos boêmios em Belo Horizonte

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João da Noite diz que os boêmios dão sinais de cansaço com a política. Isso se observa tanto no Beco do Oitavo quanto no Botequim do Terguino. "Acho que a turma está envelhecendo, antes as discussões eram ferozes. Era 'Aquele filho-de-uma-puta' para o senador ladrão, 'Aquele guampudo de merda' para o deputado ladrão, creio que de tantos ladrões os insultos estão ficando sem sentido".

"E quando os bandos entraram numa de que o butim dava para todos, o sangue do povo da escuridão dava e sobrava aos vampiros, e começaram a se unir, até torturador com torturado, com a comercialização de tempos de propaganda eleitoral no rádio e na tevê, aí então que o ambiente piorou, ninguém se entende mais. De uma hora para outra os inimigos do Lula, que a turma cobria de porrada, se transformaram em amigos do peito daquele indivíduo, os intelectualóides de São Paulo que o fabricaram sumiram envergonhados, o pessoal foi ficando sem saber o que dizer. Os fanáticos tentam defender, outro dia quase dei uma porrada num professor da UFRJ,  mas defendem mais por teimosia, a cada dia com menor ênfase, estão morrendo de desgosto. O que antes era um amplo espectro ideológico virou bipartidarismo, como no tempo da ditadura, com o agravante de que agora ninguém é de ninguém, todos querem o melhor  para o Brasil, mas primeiro o bolso, o próprio e dos seus grupelhos, pela ordem. Exceções, Salito, para confirmar a regra."

"Hoje assunto não faltaria, inclusive pela presença da meninada da Universidade, mas nem estes quiseram muito papo, depois que ontem viram a Manuela implorar à ARENA a coligação dos partidos, uma beleza: comunas com parte da extrema-direita. O Fortunati até se compreende, afinal o governo dele já é uma salada de espinhos, como no governo federal dos mensaleiros."

"Então falaram de futebol e boemia."

Ufa, ainda bem, João, aqui também estamos de ressaca de quadrilheiros. Uma folguinha cai bem, amanhã retomamos a via-sacra de sofrimento.

O Beco do Oitavo escolheu a obra do Frank, de A Notícia (Joinville, SC). A turma é fissurada no Frank, e hoje então... Muitos traçaram planos de se mudar para Belo Horizonte, a capital mundial dos bares, só por alguns anos, o tempo necessário para curtirem todos os botequins da cidade. Uns pretendem morar no bairro Santa Tereza, outros no Centro, o mais velho reduto da boemia.

Lúcio Peregrino suspirando: "Ah, se eu reencontrar aquela mineira que conheci no Rio...". Marquito Açafrão: "E as cachaças que esses mineiros fazem, menino...".





No retorno ao Botequim do Terguino, Leilinha comentou sobre os planos dos irmãos do Beco. Pronto, todos passaram a analisar a viabilidade de uma mudança. "Só buteco  não adianta, e as mulheres, são gostosas?", disse Walter Schiru. Confirmado que sim, se pôs a sonhar: "Ah, noites de Belô...".

Aristarco de Serraria falou em botar um bar por lá: "Bar do Ronaldinho, giratório contra-relógio, para me equilibrar, com propaganda na tevê e tudo, o R10 presente na inauguração e em todas as noites, artistas gaúchos se apresentando. Já na estréia levarei o Telmo de Lima Freitas, o Ewerton Ferreira, o Jerônimo Jardim, Porca Véia, o Gilberto Monteiro e o Mano Lima. Depois damos uma variadinha, Adriana Deffenti, Tonho Crocco, Monica Tomasi, Dudu Sperb, com o tempo levaremos todos os nossos artistas. Fixos a turma aqui da casa:  Nina Moreno, Gracinha, Carlos, maestro Massaretti...".

"Sucesso total!", exclama Jucão.

Aristarco: "Pena que tou de mal com o Nei Lisboa. Ele não sabe disso, claro, eu um pé-de-chinelo, né".

O Contralouco  se opôs enfaticamente à denominação do estabelecimento: "Além do nome ser muito fresco, o Assis iria se apoderar do buteco em um mês, por conta de direitos de imagem. Sugiro 'Uai, gaúcho!', muito tri".

Jucão: "Será que os boêmios de lá não vão nos estranhar, quando a gente começar a se acomodar nas tiangas?".

Contralouco: "Pelo sim, pelo não, a gente leva os talheres...".

Walter Schiru: "Mas vocês estão loucos! Nem fomos ainda e já estão desconfiando dos caras. Claro que hão de nos tratar bem, lobo não come lobo, e boêmio é boêmio, coração gigante, serão amigos para sempre".

Carlinhos Pi resumiu o pensamento da maioria: "Melhor ficar no arroz-e-feijão, apenas  'Botequim do Aristarco'. Se o Ronaldão aparecer por lá, ótimo, paga como todos, também teremos sambinhas". Aristarco: "Ué, teremos? Já está se associando no meu bar?".

Jucão: "Sambinhas do R10? No meu bar aquilo não toca!". 

O Terguino não gostou muito do rumo da conversa. 

Ficaram com o Tiago Recchia, da Gazeta do Povo (Curitiba, PR).




Miss Leila Ferro captou o espírito esportivo da tigrada e ficou com o mestre Aroeira.



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A coluna A Charge do Dias leva esse título pelo seu idealizador, o mestre Adolfo Dias Savchenko, que um belo dia se mandou para a Argentina, onde vive muito bem. Sucedeu-o na coordenação a jovem Leila Ferro, filha do Terguino, quando os boêmios amarelaram na hora de assumir o encargo. Antes eram dois butecos, o Beco do Oitavo e o Botequim do Terguino, que.., bem..., se fundiram em julho de 2012 (veja AQUI), face a dívidas com o sistema financ..., digo, agiotário. O novo bar manteve o nome de um dos butecos: por sorteio ficou Botequim do Terguino, agora propriedade dos ex-endividados António Portuga e Terguino Ferro.
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