miércoles, 6 de junio de 2012

Lágrimas na chuva

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"Sobre esse almofadinha desarmador  de  coitados e seus companheiros  intelojudos não há mais o  que dizer, salvo o me aguarde na próxima eleição.  Não me intimida, meu véio, eu e os meus mal começamos a sair da defesa, estamos no meio-campo, mas caminhando para a frente. Não somos os cumpanheiros aqueles que eles dobraram, não, nós não temos patrão nem escravo. No meu prédio, nem para subauxiliar de síndico.... É adeva, volta pra lá, a  30% de sucesso na indenização dos escravos, fora a mordida inicial. Ou 40?"

"Eu estou morto e a corvada em roda. Morri esperando tocar a campainha de casa. Mas para moralizar. Única coisa em que os partidos, esses ajuntamentos com pseudos intelectuais de chefetes, aspones em torno, são iguais, é nisso: homem honesto, sem preço, difícil. Fora. Que morra de fome, pode ser melhor que todos juntos."

Pesou o ambiente. 

"Os aspones? Ah, ajeita daqui e  dali, boquinha federal, se ainda couber carreiristas por lá, tá cheio de competentes, não é, Arno? Para vocês abóboras são bons, na comparação sei lá com quem, consigo mesmos. Uma  moranga  faz sucesso, não é? Ei, Dilma? Essa agora mesmo é que não pode ouvir nada"

Mr. Hyde entra no bar, quando sorri e ameaça dizer alguma besteira, vê Lúcio com o dedo nos lábios: Ssshhh.  

"Sempre foi assim.  Os políticos que odiávamos era por isso. Tantos amigos, que saem pelo ladrão, como acomodá-los? POA ou Canoas, Viamão, Gravataí, Santa Maria, Palmeira, nem sei mais onde ajudei esses malas, onde  der, mas entendo... deixar de levar comida para casa é que não pode, ninguém merece, amigo é para essas horas."

"Engraçado que eu posso. Se não tiver, não levo. Bebemos água com... água, fétida, da torneira.  Mas jurei que vou pegá-los. Vão me pagar"


O Julião da cozinha deixou cair um dos pratos que enxugava, um estrondo. Não  juntou os cacos, parou  no ar. Fez-se silêncio de túmulo no Beco do  Oitavo.

Leilinha também silente em câmera lenta anotou a obra escolhida pelos empinantes.

O homem que aparentava falar sozinho, olhos em fogo, tomou o resto do sétimo liso, pagou e saiu, chapéu afundado para enfrentar o toró que iniciava na noite da capital. Na porta voltou-se e num  rápido  movimento inclinou a cabeça, à guisa de desculpas pelo desabafo, como se somente agora tomasse ciência da presença de outras pessoas. 

Inclinamos a cabeça também, respeitando.

O portuga murmurou: "Buteco é buteco, dá de tudo".

Ficaram com o Passofundo, de O Informativo do Vale (Lajeado, RS). Grande  Geraldo, invadindo a capital que nada diz (e iriam dizer, com a cauda daquele tamanho...). 

João da Noite: "Eu  gostaria de...  bem, fechei  com o homem que saiu para a chuva. Acho que  ele falava do senhor governador".

Lúcio Peregrino: "Vá se saber, serve prum monte de gente". 






O Botequim do Terguino escolheu a obra do Tiago Recchia (opa, de novo), da Gazeta do Povo (Curitiba, PR).





Leila Ferro com o Cazo, do Comércio do Jahu  (Jaú, SP).




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