viernes, 31 de agosto de 2012

Vassily Ivanchuk em Istambul

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De fato o gênio estava em Júpiter. Hoje acordou. Estamos em pouso a caminho de Espanha, longe ainda, saídos de Bujumbura. Mas, como torcedores, não podemos faltar com essa: Ivanchuk, o meninão que tirou fotos abraçado com a criançada em Caxias do Sul, na Festa da Uva, acordou hoje em Istambul. Falou com os anjos, murmurando "como pude perder aquela".

Ivanchuk é assim. Levanta da mesa de jogo, vai para longe e começa a cantar, o tempo correndo contra, fica no céu, nada de droga, é o seu cerebro, sua sensibilidade.

Tem dias que sai e esquece o tabuleiro, vai para a rua, olhando para o céu. O relógio comendo. O seu "técnico" sabe como lidar, nem sempre dá certo, mas sabe, toca nele na hora certa, aí Ivanchuk volta correndo, preocupado, e adeus, adversário.

Um dia largou a partida no meio, com vantagem, e foi para o hotel, do outro lado da cidade.

Noutro dançava feito doido no ambiente finório, todos de jaquetão e pince-nez, lordes e lordas. Espantou os viventes, ao ganhar mais um título. Depois saiu correndo para a rua, dançando músicas tradicionais da sua região dos confins da Ucrânia. Aos reis da Inglaterra, que nada entenderam, Vishy Anand, atual campeão do mundo, sorriu como só ele sabe e caminhou para a rua para abraçá-lo e gritar junto. Vishy havia perdido a partida e o troféu. 

Hay dias em que perde logo. Quem o conhece sabe que não estava a fim. Em outros destrói monumentos.

Mata todo mundo de preocupação.

Mas é o companheiro mais amado por todos os luzeiros do circuito mundial de profissionais, a começar por Vishy Anand, o campeão mundial, que agradece a Deus não ser Vassily Ivanchuk o seu desafiante. 

A Grobo na época, na Festa da Uva, não deu um pio, sobre a presença do maluco das estrelas em terras gaúchas, no Brasil. Uma inesquecível passagem, haveremos de descobrir o caxiense que cometeu o façanha de trazê-lo.

Fosse lá, no Rio, nos empurrariam goela abaixo cem vezes por dia, de mau jeito, com grosserias, constrangendo o artista, não sei se Ivanchuk não daria uma porrada em algum. Daria, se fosse o viado do Bial, escritor de livros sobre a cachorrinha do Roberto Marinho. Agora ilusionista de pobres meninas de vila, segundo nos contaram.

O bicho é amoroso, do povo, de macumba a sinfonias, mas estranha mediocridades, sai da frente, que forçam aparições grotescas, como sói com essa gente da Grobo.

Em São Paulo, então, nem pensar, os lixinhos do CQC berrando daquele jeito, alucinados em cima das antas indefesas do interior do Brasil, agitação falsa, sou o carinha, olha eu aqui... Seus..., só conhecendo o por trás da telinha para saber o Tas. Que decepção, seu Tas, seu bosta gritão, explorando meninos sem ensinar nadinha, na mesma tela alugada para estelionatários de religiões, ali não pode ser bom moço, tem que arrancar reais, né?

Sabe a história da Band, dessa que aluga, de como chegou às mãos do teu patrão?

Mas que mania de mudar de assunto. Tem gente que parece que bebe.

Falava de Ivanchuk. Das besteiras que fazem, os malucos do xadrez, antes de tomarem todas, uma é o futebol. Ivanchuk se mete a goleiro. Deixa passar todas, rindo, garrafa de vodka na mão.

Ah, lá em cima: como fazem diariamente, no Rio e SP, com artistas menores.

Deixemos vulgaridades de lado.

De outra vez, muitos anos atrás, numa dessas de sair pela cidade com o relógio correndo, na volta perdeu uma partida importante. Pronto, saiu encolhido, amuado, e disse que nunca mais jogaria xadrez. Vou plantar couves. E passaram-se os dias, as semanas, dois meses, três... Um belo dia chegaram todos juntos na sua simples moradia: dez dos vinte maiores cérebros da Terra, quem pôde foi, atravessaram oceano, alguns. Quem não pôde mandou flores e mensagem, para ser entregue no momento da chegada dos que puderam. Telefonaram na hora em que as garrafas eram abertas, quando Vassily humildemente mostrava as couves que havia plantado. Um mar de couves, ele corado do sol.

E o convenceram a voltar. Tinha que ver a felicidade do homem. O que mata a gente é o descaso, é a inexistência de amigos, pessoas que nos rodeiam porque necessitam sugar, viver, que pensam só em si, como é no dia a dia da maioria de nosotros. Ali ele aprendeu, ou teve sorte, que nao é bem assim, no nível de gente do seu meio, onde andam com a cabeça.

Abaixo, o luminoso ucraniano, em foto de hoje, ele que já não é um menininho, e sim um menino grande, ar de cansado, mas ameaçando um sorriso vindo de dentro da sua aparente timidez. Ao lado, no tab do blog, a partida.

Louco, graças a Deus, de atar!







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