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Para os boêmios do Botequim do Terguino a Olimpíada de Londres, como disse o filósofo do buteco, Aristarco de Serraria: "Não serviu para nada. No máximo para nos munirmos de ironias, como defesa para não sucumbirmos ao desespero diante do triste espetáculo".
Carlinhos Adeva: "Em certos momentos nem a ironia foi suficiente, recordam, ao percebermos que os narradores da tevê exaltavam a 'busca por uma medalha' vinte vezes por minuto. Perdiam aquela e imediatamente esqueciam o coitado que tentou, saltando para outra, alucinados, inculcando no povo a urgência, a extrema necessidade de vencer, como se as nossas vidas dependessem daquilo. Uma ânsia nojosa e deprimente".
Lúcio Peregrino: "Só falta berrarem 'Uma medalha pelo amor de Deus, minha bunda por uma medalha', um nojo mesmo, aqueles filhos da puta".
Jussara do Moscão: "Os caras nem ousaram dizer, em algum momento, que o importante é competir. Se é para vencer - seja lá o que isto signifique - a qualquer preço, deveriam ter mandado o Eike Batisto Maravilha, o Renan Calheiros e tantos outros pra lá".
Lúcio Peregrino: "Só falta berrarem 'Uma medalha pelo amor de Deus, minha bunda por uma medalha', um nojo mesmo, aqueles filhos da puta".
Jussara do Moscão: "Os caras nem ousaram dizer, em algum momento, que o importante é competir. Se é para vencer - seja lá o que isto signifique - a qualquer preço, deveriam ter mandado o Eike Batisto Maravilha, o Renan Calheiros e tantos outros pra lá".
Mr. Hyde, o médico da turma: "Tudo de encomenda, para cegar ainda mais a um povo já cego, enquanto seguem metendo a mão a pretexto de construírem inúteis estádios de futebol, enquanto segue morrendo gente em portas de hospitais falidos".
Silvana Maresia: "E socar propagandas de porcarias na população... É bem como a Leilinha disse outro dia: pura hipocrisia, vai ver o esporte em escola pública, os poucos equipamentos caindo aos pedaços, bolas em trapos, velhas redes de volei cheias de furos...".
Lúcio Peregrino, de mau-humor: "Fazendo um balanço, quem ganhou o quê? O povo segue tomando no rabo, as greves continuam, a miséria aumentou...".
Jezebel do Cpers, que não se prestou a assistir a uma só prova: "Então por que assistiram a palhaçada?".
Clóvis Baixo: "Ora, Jêze, estávamos só tomando trago e jogando conversa fora, como hoje, assim a vida passa mais depressa, o ridículo sempre é um prato cheio para se achar assunto".
Nesse passo os empinantes seguiram com o rescaldo dos Jogos Olímpicos. Enfim, como a vida continua, logo mudarão de assunto e continuarão lançando seus olhares sobre o cotidiano.
A primeira obra escolhida, pelos antigos habitués do extinto Beco, foi a do grande Sinfrônio, do Diário do Nordeste (Fortaleza, CE).
Em seguida os empinantes se voltaram para o teatro predileto dos últimos tempos, o julgamento do Mensalão. Nicolau Gaiola, o ator do buteco, deu um salto:
"Ah, não, se vocês vão falar dessas mediocridades eu vou embora".
A turma deixa o mensalão para lá. Nicolau conta que finalmente, após oito meses, a sua peça Sarney Nu está pronta para a estreia, pretende lotar o teatro Rival por um ano, no mínimo.
Tigran Gdansk fala das eleições municipais: "Aquele candidato a prefeito segue me azucrinando, hoje achei que o mundo ia desabar quando passou aquela sua fubica com alto-falantes, tremia o chão lá de casa, deixa estar, vai ver na campanha 'do contra' que faremos a partir do dia 21".
Contralouco: "Diz logo pra quem não sabe, pombas, que é a fubica do Fortunati, ninguém mais tá aguentando na Cidade Baixa. Deixa ele, o nosso não ia levar mesmo".
Contralouco: "Diz logo pra quem não sabe, pombas, que é a fubica do Fortunati, ninguém mais tá aguentando na Cidade Baixa. Deixa ele, o nosso não ia levar mesmo".
Porém na hora da votação para a segunda charge do dia, agora pela turma do Botequim antigo, não houve jeito de ignorar o mensalão. Ficaram com o Nani. Nicolau não radicalizou, ao contrário, acompanhou o voto dos amigos.
Leilinha Ferro, a coordenadora da coluna, condição que lhe dá o direito de uma escolha a solas, ficou com o Sponholz, do Jornal da Manhã (Ponta Grossa, PR).
(A coluna A Charge do Dias leva esse título pelo seu idealizador, o mestre Adolfo Dias Savchenko, que um belo dia se mandou para a Argentina, onde vive muito bem. Sucedeu-o na coordenação a jovem Leila Ferro, filha do Terguino, quando os boêmios amarelaram na hora de assumir o encargo. Antes eram dois butecos, o Beco do Oitavo e o Botequim do Terguino, que há poucos dias se..., bem..., se fundiram (veja AQUI), devido a dívidas com o sistema bancário, com os agiotas, como eles dizem. O novo bar manteve o nome de um dos butecos: por sorteio ficou Botequim do Terguino, agora propriedade dos ex-endividados António Portuga e Terguino Ferro.)
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