martes, 28 de agosto de 2012

O boteco vai ao hospital, na Charge do Dias

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Pela manhã os empinantes decidiram visitar a Mr. Hyde no hospital, onde se recupera do acidente que sofreu no horário eleitoral gratuito domingo à noite. O médico da turma teve muita sorte, o hospital estava superlotado, mas meia hora depois que deu baixa apareceu um quarto privativo, morreu um velhinho que era atendido por aquele seu colega antigo que no outro dia andou passando pelo Botequim para avisar a turma. Por outro desses milagres, o seu nome foi parar no topo da lista de espera para ocupação.

Antes de saírem para o nosocômio (eta palavrinha), os boêmios entornaram diversos lisos de Dyabla Verde, para entrar num lugar desses há que se ter muita coragem, pois é um hospital comum, com gente morrendo pelos corredores, bem diferente do hospital do Lula e da Dilma. Leila Ferro arrecadou a grana da vaquinha das flores e da caixa de bombons e foi às compras, enquanto os boêmios empinavam. Aguardando o retorno de Leilinha, deram vazão às suas angústias.

Tigran Gdansk: "Sabe, gente, depois que o Contralouco destruiu a tevê antiga, e agora com essa do Hyde, fiquei louco de curiosidade pelo horário político, mas ainda não tive peito para assistir, receio que me dê um treco, não tenho mais vinte anos, ninguém está livre de um AVC..."

Clóvis Baixo, o piadista que adora sacanear os companheiros: "Eu assisti a dois programas inteiros. O que ri... Mas quando tentei assistir o terceiro já não achei mais graça, começou a me subir uma raiva surda, ardeu o peito, desliguei rápido... não recomendo a ninguém".

Lúcio Peregrino, que não estava presente no dia em que o Contralouco quebrou a televisão: "Pessoal, me contem direito como foi isso, só ouvi o zunzum de que ele quebrou, mas não sei as razões". (AQUI contamos o pouco que soubemos na oportunidade).

Aristarco de Serraria: "Na verdade ninguém sabe direito, quem viu foi o Moscão, e também a Leilinha, que estavam aqui dentro do bar com ele, o Mosca na mesa e a Leilinha no caixa, a gente tava em mesas lá na calçada".

Gustavo Moscão: "Na verdade ele não falou nada. O Fortunati e seu pessoal quase choravam no programa, e o Contralouco de repente atirou uma garrafa com toda a força na tevê. Ela resistiu lá na parede. O Contra pediu mais uma cerveja pra Leilinha e seguiu falando normalmente, perguntou a ela se a greve tinha acabado e se as aulas da faculdade já tavam numa boa. Depois, quando apareceu o Villaverde discursando...".

Lúcio Peregrino: "O que ele tava dizendo no discurso?".

Moscão: "Vá saber, eu tava nem aí, coisa que os políticos dizem pra engambelar os otários, ora. Bem, seguindo..., ele se levantou, pegou uma cadeira e a despedaçou em cima da pobre. Com a cadeirada o tareco ficou pendurado de lado, meio que cai-não-cai, bem na hora que terminou o discurso do sujeito. Eu e a Leilinha não abrimos o bico, sabem como é o Contra. O Terguino, que ouviu o estrondo lá da cozinha, também espiou e se fez de sonso. Bueno, o Contra voltou pra mesa e sentou de costas para a tevê. Seguiu conversando, disse que não via a hora do Forlán começar a acertar de fora da área, entrei no assunto, o Forlán bate com as duas mas a esquerda é melhor, mas dali a pouco ouvimos a voz da Manuela Namorida vindo do caco torto. Amigos, pra quê. Ele não deu um pio, mas de novo se levantou, agora transtornado, foi lá e subiu numa cadeira, arrancando a coitada da parede. Levou-a para fora e aí vocês viram".

Aristarco: "Jogou na lixeira gritando qualquer coisa".

Gustavo Moscão: "De repente foi o barulho e a voz melosa daquela gente, tem dias que o Contra tem dor-de-cabeça. Sabe que ficou uma beleza aqui dentro. A Leilinha botou um CD da Maria Rita".

Lúcio Peregrino: "Em casa já vi um pedaço do programa. Acho que foi outra coisa...".

Nesse momento o próprio Contralouco entrou no botequim e a turma mudou de assunto. O Contra todo feliz, de sacola na mão, dizendo que se atrasou porque antes de vir pro bar fora comprar uns presentes pra levar para Mr. Hyde. O pessoal queria ver mas ele disse que era surpresa.

Leilinha chegou e saíram todos para o hospital, ficou somente o António Portuga, que irá à tarde. No caminho em direção à camionete do Lúcio, Carlinhos Adeva espiou a sacola do Contralouco e viu uma garrafa de uísque e um pacote de cigarros. Carlinhos lembrou de tomar a última, e observou que o Contra ainda estava em seco: "Não convém ir a hospital em seco, a Dyabla Verde protege de bactérias".

Voltaram para o bar. Pediram de saideira uma losninha para cada um. E agora, quem vai tirar da cabeça do maluco? Carlinhos, Aristarco e Tigran confabularam a um canto. Sobrou para o nobre filósofo.

Aristarco de Serraria: "Contrinha, o Carlinhos sem querer viu teus presentes. Foi uma linda ideia essa de levar coisas boas para o nosso querido doutor, mas temo que a equipe do hospital não vá permitir teus presentes, sabe como é aquela gente, tudo uns bunda-moles...".

Contralouco: "Deixa comigo, Ari. Se se atravessarem vão ver o que é bom pra tosse, encho eles de porrada, tenho pavor de enfermeiro. Uma vez, antes de uma cirurgia do intestino, me seguraram e um vagabundo desses me meteu uma mangueira na bunda, depois ligaram a água, quase morri".

Para encurtar o relato, Aristarco decidiu variar a conversa, contar algumas histórias, de repente tinha saído do assunto. Até que Tigran Gdansk olhou para o relógio e exclamou: "Perdemos o horário de visitas, fica pra de tarde".

Enquanto decidiam as obras do dia, Lúcio Peregrino propôs: "Cambada, vamos mudar aquilo de só vermos futebol na tevê, hoje à tarde tem depoimento do Pagot na Pizzaria do Cachoeira, ele prometeu falar tudo..."

Tigran Gdansk: "E mais tarde, às 19, tem a final de tango Escenario direto do Luna Park, em Buenos Aires, o Lúcio pode conectar a internet na tevê...". (AQUI)

Carlinhos Adeva: "A final de tango eu topo, claro que pode, os bailarinos não têm nada a ver com a programação de merda das tevês daqui. Mas o Pagot é perda de tempo, não vai falar porra nenhuma, vai é se fazer de santo como os outros, no máximo entregar algum que já seja carta fora do baralho".

Mais tarde saberemos.

Ficaram com a obra do Fani, de A Tribuna (Vitória, ES).



E a do S. Salvador, do Estado de Minas (Belo Horizonte, MG).

Leila Ferro abraçou a obra do Marco Aurélio, de Zero Hora (Porto Alegre, RS).


  

(A coluna A Charge do Dias leva esse título pelo seu idealizador, o mestre Adolfo Dias Savchenko, que um belo dia se mandou para a Argentina, onde vive muito bem. Sucedeu-o na coordenação a jovem Leila Ferro, filha do Terguino, quando os boêmios amarelaram na hora de assumir o encargo. Antes eram dois butecos, o Beco do Oitavo e o Botequim do Terguino, que há poucos dias se..., bem..., se fundiram (veja AQUI), devido a dívidas com o sistema bancário, ou agiotário, como eles dizem. O novo bar manteve o nome de um dos butecos: por sorteio ficou Botequim do Terguino, agora propriedade dos ex-endividados António Portuga e Terguino Ferro.)



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