miércoles, 1 de agosto de 2012

Os butecos se fundem

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O nobre causídico Carlinhos Adeva, que tem ojeriza ao juridiquês (expressa-se como um homem normal), este que o pessoal afirma dar de dez a zero, em conhecimentos jurídicos, no Márcio Thomaz Bastos e seus seiscentos empregados, como procurador dos bares Beco do Oitavo e Botequim do Terguino, ontem à noite emitiu o seguinte comunicado.

COMUNICADO AOS BOÊMIOS

Considerando: (a) a monstruosa dívida do Beco do Oitavo junto ao Banco Itaú, derivada de juros escorchantes cobrados pelos agiotas, (b) o horripilante saldo devedor do Botequim do Terguino, produzido pelos juros assassinos da Caixa Federal, (c) que o BNDEs, alegando que não somos estrangeiros, negou-se a realizar capitalização para salvar da falência as tabernas onde encontro o meu abrigo e (d) que os representantes legais dos referidos estabelecimentos culturais e empinativos assinaram, em 15 de julho de 2012, o Protocolo de Intenções de Fusão Indireta e Outras Avenças, que hoje é levado a termo, os signatários decidiram:

1. Não honrar as malditas dívidas, firmes na máxima popular de que "ladrão que rouba de ladrão tem cem anos de perdão".

2. Fechar as portas das citadas instituições recreativas e embebedativas.

3. Abrir outro bar, associando seus esforços, que será localizado a meio caminho de encontro dos extintos Beco e Botequim, em ambiente mais amplo, com três mesas oficiais de sinuca na parte dos fundos.

4. Que o novo bar, para todos os efeitos legais, terá como sócias testas-de-ferro as senhoritas Leila Ferro e Gislaine Portuga, filhas dos proprietários, vez que os usurários já sujaram os nomes dos dignos comerciantes, fincando-os no Serasa. 

5. Que hoje, desde já, e amanhã será feita a mudança dos bens físicos dos extintos para o novo endereço. Os ex-habitués de ambos os extintos estão convocados a dar uma mãozinha.

6. Que o novo buteco teve o nome escolhido por sorteio, entre Beco do Oitavo e Botequim do Terguino. Prevaleceu este último. A sorte foi sábia: um buteco chamado Beco do Oitavo, na rua, logradouro, também chamado Beco do Oitavo, dava margem a confusão. Já Botequim do Terguino, vinculado ao nome do sócio Terguino Ferro (a moçadinha, as gurias se deitam de rir, ao separar as sílabas do prenome, pensa exatamente o mesmo que vocês pensaram agora) é uma festa.

7. Que o novo Botequim do Terguino disporá de graça, só hoje e amanhã, aos habitués, 50 litros de vodka polonesa, tradição desde mil oitocentos e quarenta e muitos picos, ou cinquenta e picos, vá saber, este humilde escriba é apenas um espanhol que não pode ver uma polaca que, ui, o modo de olhar, de falar, as pernas, a boca, e..., deixa pra lá. O cobiçado produto sem selo, disputado a tapas por apreciadores de todo o planeta (os russos fazem fila, pagando horrores) - estamos falando da vodka, não das polacas, façam-me o favor - é fabricado na famosa destilaria secreta do contraprimo do Sr. Tigran Gdansk, da antiga Colônia do Conde D'Eu (hoje cercanias e centro de Garibaldi). Brincadeiras vulgares, tipo se o Conde deu, todos podemos dar, não serão admitidas.

(Por esses milagres da tecnologia, vimos de saber, pelo citado querido amigo Tigran Gdansk, muitos dias depois, lá em 11 de agosto de 2012, um lindo sábado de Porto Alegre, que na verdade a aparição inicial daquelas polacas maravilhosas, trabalhadeiras, doces, singelas, fascinantes, gostosas, tesudas de fogaréu, taradas..., ahm, já estou me passando, ai as comidas que fazem, estudiosas, frescor de juventude, quarentonas depois com fogo que para amenizar só com amor todos os santos dias, ui, cantantes, ai quando riem, amigas de alma sofrida a quem merece, sensuais, queridas, modestas, videntes que torcem pelo peão no xadrez, sem desprezar nenhuma peça no bailado da vida, raivosas de morrer para defender os filhinhos, inteligentes, ousadas naquela vez, recatadas na hora certa, lindas, eu as amo, amo, amo e... rã, bem, meu Deus, onde eu estava mesmo..., ah, a primeira vez em que as deusas surgiram no Rio Grande do Sul foi no sagrado ano de 1.875, na Linha Sétima de Castro, hoje município de Carlos Barbosa).

8. Que amanhã a última saideira de cerveja, por cabeça, também será por conta da casa. Estas, lamentamos, são meras repolhudas, as mesmas que consomem bilhões em propaganda na tevê e são umas bostas, digo, repolhos, fazer o quê.

9. Que os signatários não responderão pelos seus atos caso algum banqueiro ou escravo de banqueiro invente de passar defronte ao novel reduto da boemia. O mesmo para os assaltantes do ECAD e fiscais do que quer que seja.

Porto Alegre, 31 de julho de 2012.



Terguino Ferro                                   Antonio Portuga

Visto do adeva:

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